segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Motoristas não entendem lógica do pedágio

Valor cobrado em praças do Norte Pioneiro é oito vezes maior que em outras do Sul do Estado
Fotos: Marcos Zanutto
Dependendo da quantidade de eixos, um caminhão pode pagar entre R$ 60 e R$ 80 nas duas praças de pedágio da região
Caminhoneiros Denilson Pilan, Diogo Heberle e David Alexandre Ficagna dizem que não conseguem entender por que a diferença de valores é tão grande entre as praças de pedágio no Paraná
"O custo recai sobre o preço final dos produtos que vamos pagar sempre que formos a um supermercado", afirma Rogério Macedo
Jataizinho - Nesta época do ano, aumenta de forma considerável o número de pessoas que deixam o Norte do Paraná em direção ao litoral de Santa Catarina. E para uma boa parte desses turistas, o que era para ser um momento de lazer se torna também um momento de reflexão. É que a maioria não entende a lógica para a fixação das tarifas de pedágio nas praças existentes no Estado do Paraná. 

Quem faz esta viagem sente, no bolso, a diferença dos valores cobrados entre as duas praças de pedágio da BR-369, no Norte Pioneiro, e as duas praças na BR-376 entre Curitiba e a divisa com o Estado vizinho. O valor cobrado na praça de pedágio em Jataizinho é de R$ 14,20 e em Jacarezinho é de R$ 13,10, enquanto nas duas praças da BR-376 é de apenas R$ 1,70, ou seja, oito vezes menor. 

A diferença, entretanto, não se limita a valores. O turista "pé vermelho" pode perceber também a diferença estruturais das duas rodovias. O trecho da BR-376 entre Curitiba e Santa Catarina é totalmente duplicado, com faixa suplementar em vários pontos e acostamento em quase toda sua extensão. Já a BR-369, entre Jataizinho e Jacarezinho, é em pista simples e com uma série de deficiências, como a ausência da terceira faixa em vários lugares, o que dificulta a ultrapassagem em vários pontos. 

O professor Rogério Macedo, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp), campus de Bandeirantes, voltou de Florianópolis na semana passada e ficou indignado com a situação. Ele diz que gostaria de conhecer detalhes dos contratos entre o governo do Estado e as concessionárias para entender o que realmente acontece. "Nós estamos falando de uma rodovia a R$ 1,70 que é bem conservada e duplicada e aqui nós temos uma rodovia que está para ser duplicada há 15 anos e isto até hoje não aconteceu. Será que todo recurso arrecado neste período foi aplicado só em manutenção?", questiona. 

Macedo diz que é importante a população buscar informações sobre o assunto porque o valor do pedágio afeta, não apenas as viagens de lazer, mas todo o setor produtivo. "O custo recai sobre o preço final dos produtos que vamos pagar sempre que formos a um supermercado", afirma. 

Desvio
Os caminhoneiros Diogo Heberle, Denilson Pilan e David Alexandre Ficagna moram em três cidades do Rio Grande do Sul e viajam com frequência para o interior de São Paulo, passando pelo Norte Pioneiro. Na última sexta-feira, eles se encontraram por acaso em um posto de combustível na BR-369 em Andirá. 

Os motoristas fazem esta viagem três ou quatro vezes por mês, transportando cereais. E para reduzir um pouco o custo da viagem, sempre desviam da praça de pedágio em Jacarezinho. 

Os três dizem que não conseguem entender porque a diferença de valores é tão grande entre as duas praças que existem no trecho entre Curitiba e a divisa com Santa Catarina e as duas praças do Norte Pioneiro. 

Ficagna faz questão de esclarecer que os motoristas não são contra o pedágio e sim contra os valores que consideram exagerados. "Eu não sei o tipo de contrato que os governantes fizeram para dar uma diferença dessas. É isso que não consigo entender. A pista da BR-376 é melhor, há assistência com guincho, ambulância em caso de acidentes. Se o preço fosse igual a essas praças perto de Curitiba, ninguém iria desviar do pedágio", afirma. 

Hoje, um caminhão pode pagar entre R$ 60 e R$ 80 nas duas praças de pedágio da região, dependendo da quantidade de eixos. O desvio da praça de pedágio em Jacarezinho é feito pela PR-092, entre Santo Antônio da Platina e Andirá. Esta rodovia não foi projetada para o transporte pesado e, por isso, precisa de manutenção constante. 
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